Rita Escórcio, autora do livro “Atos Poéticos”, publicado em 2020 pela Editora Multifoco, é também colunista do site local www.grandepiripiri.com.br, onde assina a coluna “(A) Letrado (A)”. Este ano, a escritora lançou pela Multifoco sua mais recente obra, “Horas Roubadas: O Alfabeto do Desejo de Rita Escórcio”, uma coletânea de poesias que explora o prazer com leveza, humor e uma profunda capacidade de envolvimento. Seus poemas nos conduzem por um universo de fantasias e desejos, onde a presença e a ausência do ser amado se entrelaçam, deixando marcas indeléveis. Cada verso é um reflexo das emoções intensas e, muitas vezes, indecifráveis, que Rita transforma em poesia, envolvendo o leitor em uma jornada irresistível.
Generosamente, a autora nos concedeu um bate-papo sobre o lançamento do seu novo livro: “Horas Roubadas”, nos conta sobre o processo criativo, recepção dos leitores e os temas abordados em suas poesias. Confira a entrevista a seguir:
Este é o seu segundo livro publicado pela Multifoco. Qual foi a diferença no processo de escrita de “Atos Poéticos” para “Horas Roubadas”?
A frase que está no perfil de meu whatsapp define bem meu processo de escrita: EU TENHO UM PAR DE ASAS NO PENSAMENTO. Durante muito tempo, escrevi sem a preocupação de fazer alguma publicação. Escrevo muito. Escrevo todo dia. Catalogava e perdia. Com o advento das redes sociais, comecei a lançar meus textos, informalmente. Vi que os mesmos tinham boa aceitação. Muitas vezes, o texto era repassado sem os devidos créditos à autora. E, para não perder o registro de que eram meus, selecionei alguns que abordavam a mesma temática. Parti para a aventura de bancar sozinha o “Atos Poéticos”. Quando fui lançar meu primeiro livro, eu não tinha nenhuma experiência em relação a contatos, impressão, lançamento, divulgação etc. Tudo era novo para mim. Procurei algumas editoras e/ou gráficas em meu estado, mas foi através de um também escritor da cidade vizinha de Pedro II, Romualdo Galiano, que já tinha feito uma publicação com esta editora, que encontrei a Multifoco. Tive alguns entreveros. Em Horas Roubadas, a escritora já conhecia um pouco do metiê (papel utilizado, quatro capas, boneca) e acompanhou a feitura do livro com mais propriedade. A temática explorada segue a linha do primeiro livro que recebera a classificação de poemas eróticos.
Por que você escolheu o título “Horas Roubadas”?
Classifico os relacionamentos amorosos como empréstimos e, carinhosamente, digo que na classificação geral temos: amigado, namorado, noivado, casado, divorciado e, no meu caso, emprestado. Tento desconstruir a posse. Na realidade, trocamos momentos. Eu me dou e recebo algo de alguém. Definitivamente, nada é meu e nada é seu. Acontece de um(a) outro(a) carregar o ser amado, há também o desgaste e o desinteresse da relação, a morte ou qualquer impedimento que finde uma relação. Ao ouvir este meu posicionamento, um amigo fez uma brincadeira ao dizer que eu roubava horas de alguém que tinha a “verdadeira posse”. Achei o nome bem poético e adequado para os meus textos.
Como você vê a relação entre a mulher e a sexualidade nos seus poemas?
Por muito tempo, somente o homem teve a liberdade de alardear o que fazia, como fazia e o que lhe dava prazer. Em tempos mais recentes, essa liberdade chegou a nós, mulheres. E é muito bom ver que também podemos falar de prazer, de gozo, de carências. Em leituras feitas apenas com mulheres, é muito interessante ver a reação delas em cada trecho do livro. Fui chamada recentemente para apresentar o livro em uma turma de universitários. Ao ler o primeiro verso do poema “Faz de Novo”, eu mesma não contive uma crise de riso ao presenciar a reação de muitas mulheres: um misto de aprovação e de condenação.
Chupar, eu sei que você sabe
Das vezes que você fez em mim
Não gritei por estar em quarto de aluguel
Faltou ouvir de você se foi bom
Desculpa se não lembro de mais nada
Lembro apenas que foi bom – Trecho de “Faz de Novo”
Na orelha da capa, temos diversos relatos de leitores que adoraram o livro. Como está sendo para você a recepção dos leitores?
Um poema se completa quando o leitor se apropria do que está escrito. A partir do momento em que acontece essa leitura, são as vivências do leitor que ficam evidenciadas. É como se o autor deixasse de existir. O poema passa a dizer mais do leitor do que do próprio escritor. Adoro receber feedback do que escrevo e também faço isso do que leio de outros autores.
Quais autoras te inspiraram a escrever “Horas Roubadas”? De que forma a obra dessas escritoras influenciou sua escrita?
Eu leio de tudo. Não tenho especificamente uma autora que tenha influenciado minha escrita. Gosto muito de Clarice Lispector, Florbela Espanca. A imaginação do leitor completa o texto. Quisera eu ter mais tempo para me dedicar às leituras. Infelizmente, nossas horas não são só nossas. Muitos roubam essas horas e, infelizmente, não consigo gerenciar meu tempo com o que apenas me dá prazer.
Você acredita que a poesia pode ser uma ferramenta de empoderamento feminino? De que forma seus poemas contribuem para essa discussão?
Com certeza. Esses poemas falam do que toda mulher, no mínimo, deveria sentir. Imagina passar por esta vida, sem encontrar algo que lhe faça revirar os olhos, literalmente… Ao comentar sobre o livro, costumo explicar que temos duas partes distintas: teoria e prática. Eu teorizo, mas os(as) leitores(as) que cuidem em praticar.
Para finalizar, qual mensagem você deixaria para os leitores de “Horas Roubadas”? O que você espera que eles levem consigo após lerem seus poemas?
Após a publicação de um livro, já fico pensando no próximo. Atualmente, publico crônicas em um site local (www.grandepiripiri.com.br), na coluna (A)Letrado(A). Ser aletrado é estar à frente de seu tempo, à frente de outras mulheres, encampando uma bandeira nossa de libertação, visto que se não lhe prejudica, por que não “roubar horas” de alguém em busca do gozo e do prazer e deliciar-se da companhia do(a) outro(a)? Afinal, um dos propósitos é realmente este: o leitor que não se iniba em ler, em fazer e em ser.
Essa foi a entrevista com a escritora Rita Escórcio, ficou com vontade de se aventurar na leitura do livro? Então não perca tempo! Você pode adquirir o livro na nossa loja ou na Amazon.
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